22 de junho de 2010

A poesia de Antero de Quental

Antero Tarquínio de Quental nasceu em 1842 e suicidou-se em 1891. Mais do que um poeta importante de toda a literatura portuguesa e figura ímpar do final do século XIX, Antero de Quental foi um verdadeiro líder intelectual da geração de 70. Homem de grande lucidez e rica vida interior, voltado para os grandes problemas filosóficos e sociais do tempo, deixou em sua obra poética os sinais de sua rica trajetória intelectual.

A poesia de Antero traduz as suas vivências e os seus anseios. Nela se encontra uma faceta luminosa, tradutora do seu ardor revolucionário e de grande elevação moral, e outra sombria, que radica em um inarredável pessimismo e na insistente ânsia de evasão. António Sérgio afirma que o Antero apolíneo exprime a Luz, a Razão e o Amor como fontes da harmonia do Universo e o Antero nocturno canta a noite, a morte, o pessimismo e um certo niilismo. 

Transcendentalismo»


Já sossega, depois de tanta luta,

Já me descansa em paz o coração.
Caí na conta, enfim, de quanto é vão
O bem que ao Mundo e à Sorte se disputa.

Penetrando, com fronte não enxuta,
No sacrário do templo da Ilusão,
Só encontrei, com dor e confusão,
Trevas e pó, uma matéria bruta...

Não é no vasto mundo — por imenso
Que ele pareça à nossa mocidade —
Que a alma sacia o seu desejo intenso...

Na esfera do invisível, do intangível,
Sobre desertos, vácuo, soledade,
Voa e paira o espírito impassível!


Antero de Quental, in "Sonetos"




Neste soneto o que vemos é um irrefreável desejo de fuga do homem enfermo e cansado de sua vivência dolorosa no mundo sensível. Antero apenas disponibiliza a si mesmo um lenitivo ao seu sentir pessimista, bem distanciado de uma mera fuga para as regiões do sonho nas quais a consciência se perderia. Em lugar disto, ele aspira fugir da realidade por meio de um total distanciamento de todo o real sensível, instaurando na consciência a “soledade” e o “vácuo”, evadindo-se o espírito para uma “esfera” acósmica, superior ao visível e ao tangível, onde pudesse atingir o estado de absoluta impassibilidade, a vacuidade psíquica que lhe possibilitaria livrar-se da dor e assumir um estado de espírito aproximado ao nirvana budista, mas o que encontra é o vácuo, o deserto moral e a desolação, sobre os quais “paira o espírito impassível”, metáfora da morte. Esse desejo de evasão se faz presente em outros sonetos do poeta, como, por exemplo, no que se segue:

Na Mão de Deus

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente.

Deus, neste soneto, é uma possibilidade de evasão do espírito, a cura para a alma pesada de pessimismo e desânimo mórbido, o porto seguro para agasalhar a alma enferma do poeta.


 Zenóbia Collares Moreira Cunha
    
                                

20 de junho de 2010

O lirismo simbolista de António Nobre




Antônio Nobre. Nasceu no Porto, em 1867 e faleceu, vitimado pela tuberculose, em 1900. A sua obra poética resume-se em apenas um livro: “Só”, publicado em 1892. 


UM SONHO 
Na messe, que enlouquece, estremece a quermesse... 
O sol, o celestial girassol, esmorece... 
E as cantilenas de serenos sons amenos 
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos... 

As estrelas em seus halos 
Brilham com brilhos sinistros... 
Cornamusas e crotalos, 
Cítolas, cítaras, sistros, 
Soam suaves, sonolentos, 
Sonolentos e suaves, 
Em suaves, 

Suaves, lentos lamacentos 
De acentos 
Graves, 
  Suaves... 

Flor! enquanto na messe estremece a quemesse 
E o sol, o celestial girassol esmorece, 
Deixemos estes sons tão serenos e amenos, 
Fujamos, Flor! à flor destes fenos... 

Soam vesperais as Vêsperas... 
Uns com brilhos de alabastros, 
Outros louros como nêsperas, 
No céu pardo ardem os astros... 

Como aqui se está bem! Além freme a quermesse... 
-Não sentes um gemer dolente que esmorece? 
São os amantes delirantes que em amenos 
Beijos se beijam, Flor! à flor dos fenos... 

As estrelas em seus halos 
Brilham com brilhos sinistros... 
Cornamusas e crotalos, 
Cítolas, cítaras, sistros, 
Soam suaves, sonolentos, 
Sonolentos e suaves, 
Em suaves, 
Suaves, lentos lamentos 
De acentos 
Graves, 
   Suaves... 

Esmaece na messe o rumor da quermesse... 
-Não ouves este ai que esmaece e esmorece? 
É’um noivo a quem fugiu a Flor de olhos amenos, 
E chora a sua morta, absorto, à flor dos fenos...

Soam vesperais as Vêsperas... 
Uns com brilhos de alabastros, 
Outros louros como nêsperas, 
No céu pardo ardem os astros... 

Penumbra de veludo. Esmorece a quemesse... 
Sob o meu braço lasso o meu Lírio esmorece... 
Beijo-lhe os boreais belos lábios amenos, 
Beijo que freme e foge à flor dos flóreos fenos... 

As estrelas em seus halos 
Brilham com brilhos sinistros... 
Cornamusas e crotalos, 
Cítolas, cítaras, sistros, 
Soam suaves, sonolentos, 
Em suaves, 
Suaves, lentos lamentos 
De acentos 
Graves 
   Suaves... 

Teus lábios de cinábrio, entreabre-os! Da quermesse 
O rumor amolece, esmaece, esmorece... 
Dá-me que eu beije os teus morenos e amenos 
Peitos! Rolemos, Flor! à flor dos flóreos fenos... 

Soam vesperais as Vêsperas... 
Uns com brilhos de alabastros, 
Outros louros como nêsperas, 
No céu pardo ardem os astros... 

Ah! não resistas mais a meus ais! Da quermesse 
O atroador clangor, o rumor esmorece... 
Rolemos, ó morena! em contactos amenos! 
-Vibram três tiros à florida flor dos fenos... 

As estrelas em seus halos 
Brilham com brilhos sinistros... 
Cornamusas e crotalos, 
Cítolas, cítaras, sistros, 
Soam suaves, sonolentos, 
Sonolentos e suaves, 
Suaves, lentos lamentos 
De acentos 

Graves essa quermesse? 
E a Flor que sonho? e o sonho? Ah! tudo isso esmorece! 
No meu quarto uma luz com lumes amenos, 
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos 
Suaves... 

Três da manhã. Desperto incerto... E essa quermesse? 
E a Flor que sonho? e o sonho? Ah! tudo isso esmorece! 
No meu quarto uma luz com lumes amenos, 
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos... 


Chama a atenção, logo à primeira leitura, a sensualidade e a musicalidade que atravessa o poema UM SONHO, um dos mais belos e sonoros do Simbolismo português. Ao princípios da estética simbolista se impõem em vários aspectos, facilmente verificáveis: a sua rarefeita atmosfera, bem típica do obscuro e desordenado universo onírico que desvela e uma série de recursos poéticos muito ao gosto dos poetas simbolistas, postos ao serviço da musicalidade do poema, como os ecos ( “enlourece, estremece a quermesse...”), as aliterações ( “fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...”), refrões ( “As estrelas em seus halos”).

O ritmo lento produzido pelos refrões, ecos e aliterações, produzem uma musicalidade suave de acalanto, à qual se soma o vocabulário refinado, rico, as rimas preciosas, e o verso livre bem típico da estética simbolista. Por outro lado, o poema preserva uma certa opacidade na explicitação da sua mensagem, apenas sugerida, insinuada mais que descrita ou explicada, mais preocupada, portanto, em atingir o sentir, a emoção que a razão. 

Como é próprio do Simbolismo, o “Eu” lírico volta-se para o subjetivismo profundo, na medida em que explora a sua interioridade, a paisagem do inconsciente, o sonho. Apela, assim, para o vago, o nebuloso, o impreciso, a sugestão, através de imagens imprecisas e ambíguas. 
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Zenobia Collares Moreira Cunha 
                                               

16 de junho de 2010

Cesário Verde - Contrariedades.




Cesário Verde é a maior expressão da poesia realista portuguesa. Ao longo de sua obra, o poeta polariza antiteticamente dois estratos sociais: a burguesia e o povo trabalhador. O mundo social focalizado em seus poemas completa o que ficou faltando no mundo social focalizado por Eça de Queirós, em seus romances. Com efeito, enquanto este voltou as suas atenções exclusivamente para a classe burguesa, Cesário, embora dando  continuidade à sátira irônica contra a burguesia, não exclui do seu discurso poético a massa popular que trabalha, muitas vezes, em condições miseráveis e sofre, silenciosamente, a cáustica desesperança de uma vida sem perspectivas.
Seus poemas se baseiam na realidade quotidiana, observada pelo poeta com o seu “modo especial de ver o mundo e a vida”. O olhar de Cesário, arguto e penetrante, vê a cidade e todo o seu drama, vibrando em cúmplice simpatia com o que lhe toca à sensibilidade ou em irreprimível repugnância à vista do que execra.

Contrariedades

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve conta à botica!
Mal ganha para sopas...

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.

Que mau humor! Rasguei uma epopéia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais uma redacção, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.

A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A Imprensa
Vale um desdém solene.

Com raras excepções, merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e a paz pela calçada abaixo,
Um sol-e-dó. Chovisca. O populacho
Diverte-se na lama.

Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.

Receiam que o assinante ingénuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.

Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua "coterie";
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.

A adulação repugna aos sentimento finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exactos,
Os meus alexandrinos...

E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!

Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!

Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?

Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a "réclame", a intriga, o anúncio, a "blague",
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras...

E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia..
Que mundo! Coitadinha

O poema "Contrariedades", tem início com o desabafo do poeta, em péssimo estado emocional, agitado, ansioso, neurastênico e com terrível dor de cabeça. Tudo isto permite-nos supor que a realidade que nos vai mostrar é sombria e pintada em cores negras.
Com efeito, o que vem a seguir é o seu verrinar contra a sociedade corrupta, injusta, desumana e decadente, representada tanto pela redação do jornal que rejeitou a publicação dos seus poemas, mas promove os medíocres, como pela situação de abandono e de miséria da vizinha tísica. Finalmente, na ultima estrofe, o poeta traça um paralelo entre a sua situação e a da engomadeira, concluindo que a pobre mulher esta muito pior que ele próprio.
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Zenóbia Collares Moreira Cunha


                                                

10 de junho de 2010

Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa.

Ricardo Reis aproxima-se de Alberto Caeiro no gosto da vida rústica, em meio à natureza. Porém, enquanto o Mestre, menos culto e mais simples é um homem alegre, feliz e de bem com a vida, Reis é sisudo, sofre e vive dramaticamente a certeza da transitoriedade da vida, ressentindo-se com a indiferença e com o rigor dos deuses. Afligem-no a imagem antecipada da Morte e a dureza do Fado. Daí, ele buscar o refúgio na filosofia dos epicuristas e dos estoicistas, tal como fazia Horácio Flacco, seu modelo literário.
Em sua extrema lucidez e prudência, Reis cria para si mesmo urna felicidade pautada na moderação que se resume na combinação de serena resignação com a comedida fruição dos prazeres, além de conter as emoções capazes de ameaçarem a sua paz interior. Em resumo, o poeta se permite a fruição do que lhe é acessível sem grandes esforços ou grandes riscos.
Reis é um poeta culto, tem um estilo muito elaborado, que denuncia explicitamente a sua adesão à tradição clássica no uso de estrofes regulares, quase sempre composta de decassílabos, nas referências à mitologia, na freqüência com que se utiliza do hipérbato, na contenção e concisão do seu discurso poético. É um latinista convicto seja no vocabulário que utiliza, seja na sintaxe que adota.

LÍDIA

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
    (Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
    Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
    E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
    E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
    Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
    Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
    Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
    Pagã triste e com flores no regaço.

Na primeira e na segunda estrofes, a atitude amorosa do poeta não radica na contemplação da natureza, do rio que corta a paisagem. A evocação dos seus elementos resulta da interpretação que deles faz como uma metáfora da fugacidade e da transitoriedade da vida, interpretação esta pautada pela razão (aprendamos, pensemos), conduzida por inarredável obsessão do inexorável destino do ser humano para a decrepitude e para a morte. Todavia, se por um lado esta obsessão gera no poeta a vontade de aproveitar o momento presente e de fruir o momento passageiro, único bem que lhe é dado possuir, por outro lado transforma o amor numa relação caracterizada por aflitiva frieza e ausência de emoções, despojando-o de qualquer aproximação física ou gesto de ternura.

Nas terceira e quarta estrofes, evidencia-se a contensão do impulso amoroso por parte do poeta, de forma tão incisiva que extingue qualquer possibilidade de fruição prazerosa do momento presente. Do amor nada mais resta que uma morna emoção que, passo a passo, vai se extinguindo, até se tornar apenas uma atitude de que beira à indiferença e termina em irremediável incomunicabilidade (sentados ao pé um do outro, de mãos desenlaçadas).

Esse virar as costas ao prazer físico e ao amor por parte do eu lírico é indiciador de um estado de desesperança e de desencanto existencial que o leva a recusar qualquer invasão da paixão em sua vida.  Porque tem ciência de que será vã qualquer tentativa de modificar o poder imensurável do destino, assume uma atitude de passividade e de impassibilidade perante a própria vida, colocando-se à sua margem, como única forma de evitar a dor e o sofrimento causado pela expectativa da morte.
Esse cultivo da ataraxia que Reis hauriu na filosofia de Epicuro funciona como um meio de contornar a obsessão da morte que, no final do poema, ele advinha e disfarça recorrendo eufemismos clássicos. E é impulsionado pelo desejo de superar a morte, ou pelo menos o sofrimento e a saudade que a acompanha, que ele escolhe levar a vida sem grandes emoções e sem envolvimentos amorosos, visando nada deixar que possa ser lamentado. 
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Zenóbia Collares Moreira Cunha