9 de julho de 2012

Luiz de Camões: Sonetos



Nenhum poeta exprimiu de forma tão bela e dolorosa a agonia da saudade e da solidão causada pela distância de um amor, arrebatado pela morte, como o fez Camões no soneto que se segue:

O céu, a terra, o vento sossegado...
As ondas, que se estendem pela areia...
Os peixes, que no mar o sono enfreia...
O nocturno silêncio repousado...

O pescador Aónio, que, deitado
Onde co vento a água se meneia,
Chorando, o nome amado em vão nomeia,
Que não pode ser mais que nomeado:

— Ondas – dezia – antes que Amor me mate,
Tornai-me a minha Ninfa, que tão cedo
Me fizestes à morte estar sujeita.

Ninguém lhe fala; o mar de longe bate;
Move-se brandamente o arvoredo;
Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita

Logo na primeira quadra já se anuncia o clima de tristeza que percorrerá o soneto, ao evocar a paisagem litorânea noturna, tranqüila e silenciosa que estabelece uma oposição ao estado de alma sombrio e torturado do pescador Aónio, imerso em sua dor. A seguir, (segunda quadra e primeiro terceto) o pescador Aónio começa a exteriorizar a sua mágoa, proferindo sentidas palavras de funda tristeza, faz a sua tocante suplica às ondas do mar, implorando-lhes que devolva a sua amada, prematuramente falecida, pelas águas levada.

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