7 de outubro de 2009

A poesia feminina portuguesa no limiar do século XX.


Na altura em que o Decadentismo e o Simbolismo irromperam nas letras portuguesas, ainda coexistiam no mesmo espaço literário o Romantismo retardatário e o já exaurido Realismo, com os quais os dois estilos finisseculares iriam disputar as preferências dos poetas. A coexistência destes estilos de época no final do século XIX resultou em uma encruzilhada de estilos que só iria se dissipar nas primeiras décadas do século XX, com o advento das novas idéias vanguardistas que preludiaram a instauração o Modernismo, em 1915. É em razão dessa evidência que ana Hatherly afirma que "nas teorias do Simbolismo vamos encontrar o germe de toda a poesia moderna, de toda a literatura moderna mesmo".
Para compreender o Decadentismo/Simbolismo como antecâmeras do Modernismo, faz-se necessário olhar para as mudanças radicais que os seus pressupostos estético-literários provocaram no panorama poético dos finais do século XIX. O Decadentismo arrastando os poetas para a busca de novas e mais intensas sensações para a expressão do pessimismo e do desencanto crepuscular “fin de siècle”, caminhando pari passu com o Simbolismo, ambos resultantes da mesma atmosfera sócio-cultural.
Estas tendências estéticas proporcionaram a evasão dos poetas para o mundo da imaginação, irmanando-se na forma de encarar a poesia enquanto finalidade em si mesma e expressão da “Arte pela Arte”, da palavra e “modo discendi” de realidades outras que têm a ver com a subjetividade profunda do sujeito e não com a materialidade dos objetos do mundo, dos fatos observáveis e da problemática social tão caras aos poetas que defenderam e praticaram em suas obras o realismo literário.
A poesia de alguns poetas modernistas anteriores ao movimento Orpheu revela a assimilação da lição haurida nos poetas simbolistas, não somente nos portugueses, mas também nos pioneiros do simbolismo francês. Exemplo paradigmático dessa relação pode ser encontrado nas poesias de Mário de Sá-Carneiro e Florbela Espanca., nas quais, transitam elementos do figurino simbolista, seja no vocabulário peculiar da “escola”, seja na opacidade da linguagem ou no uso de expressões caras ao gosto simbolista. O Decadentismo faz-se presente na obra de Judith Teixeira com a mesma exuberância que a “novidade” da vanguarda modernista.
A inclusão de Florbela Espanca, Irene Lisboa e de Judith Teixeira na galeria de poetisas que representam o lirismo feminino português a partir das primeiras décadas do século XX tem, portanto, a mesma pertinência da de outros poetas que antecederam o movimento Orpheu, instaurador do Modernismo em Portugal. 
Autora: Zenóbia Collares Moreira.

Um comentário:

Anonymous disse...

o q e isso nao esplica nada


porcaria