Hoje, assaltaram-me saudades de velhas amizades que deixei em Lisboa. Pus-me a rememorar momentos inesquecíveis de convivência fraterna e de longas trocas de impressões literárias com um grande amigo, o poeta português António Ramos Rosa, com quem muito aprendi sobre os mistérios da criação poética, especialmente os que presidem os processos de criação dele próprio. É difícil esquecer uma personalidade tão rica, uma pessoa tão fascinante.
Considerado pela crítica literária lusitana e européia uma das personalidades mais importantes e mais representativas da poesia contemporânea em Portugal. Encantador em sua simplicidade e ausência absoluta de vaidade, amável, intensamente afetuoso e receptivo, Ramos Rosa nos seduz logo ao primeiro contato.
Não é, portanto, de admirar que tenha tantas pessoas amigas, entrando e saindo de sua casa, onde são sempre recebidas por ele e por Agripina, sua esposa e também poeta, com um abraço caloroso e um sorriso generoso de boas vindas, sempre seguidos de um saboroso chá, servido em uma mesa caprichosamente posta.
Autor de uma vasta obra, Ramos Rosa figura entre os escritores mais premiados em seu país e dentre os que mais tiveram livros traduzidos e publicados em vários outros países.
Segundo afirma António Guerreiro, um dos críticos de sua obra, "para Ramos Rosa, escrever não é apenas um exercício que se cumpre por uma determinação estética. Muito mais radicalmente, é um programa de vida, uma necessidade vital e ética que encontra no poema uma estratégia que lhe orienta o sentido e os horizontes".
A poesia que selecionei para postar aqui, uma das minhas preferidas, foi escolhida no livro “Viagem através de uma nebulosa", publicado em 1988.
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século
a minha vida nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
Vale a pena, especialmente para quem não a conhece, conhecer a vasta obra poética de António Ramos Rosa, disponível, também, nas livrarias do Brasil. Apesar de, em alguns livros, as poesias parecerem muito herméticas e, por isso mesmo, exigirem mais do leitor, à medida em que as lemos e relemos, vamos religando as unidades de sentido que dão a chave para a compreensão do universo mental, filosófico e da linguagem aparentemente cifrada do poeta.
Por Zenóbia Collares Moreira
Considerado pela crítica literária lusitana e européia uma das personalidades mais importantes e mais representativas da poesia contemporânea em Portugal. Encantador em sua simplicidade e ausência absoluta de vaidade, amável, intensamente afetuoso e receptivo, Ramos Rosa nos seduz logo ao primeiro contato.
Não é, portanto, de admirar que tenha tantas pessoas amigas, entrando e saindo de sua casa, onde são sempre recebidas por ele e por Agripina, sua esposa e também poeta, com um abraço caloroso e um sorriso generoso de boas vindas, sempre seguidos de um saboroso chá, servido em uma mesa caprichosamente posta.
Autor de uma vasta obra, Ramos Rosa figura entre os escritores mais premiados em seu país e dentre os que mais tiveram livros traduzidos e publicados em vários outros países.
Segundo afirma António Guerreiro, um dos críticos de sua obra, "para Ramos Rosa, escrever não é apenas um exercício que se cumpre por uma determinação estética. Muito mais radicalmente, é um programa de vida, uma necessidade vital e ética que encontra no poema uma estratégia que lhe orienta o sentido e os horizontes".
A poesia que selecionei para postar aqui, uma das minhas preferidas, foi escolhida no livro “Viagem através de uma nebulosa", publicado em 1988.
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século
a minha vida nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
Vale a pena, especialmente para quem não a conhece, conhecer a vasta obra poética de António Ramos Rosa, disponível, também, nas livrarias do Brasil. Apesar de, em alguns livros, as poesias parecerem muito herméticas e, por isso mesmo, exigirem mais do leitor, à medida em que as lemos e relemos, vamos religando as unidades de sentido que dão a chave para a compreensão do universo mental, filosófico e da linguagem aparentemente cifrada do poeta.
Por Zenóbia Collares Moreira
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